Muitos perguntam-me, por curiosidade, como é o meu processo de trabalho na criação das peças cerâmicas Rosa Courense, e eu explico.
Tenho na minha memória imagens de mulheres que me inspiram, pela sua força, audácia e sensibilidade, depois convido-as a saltar para as minhas mãos e aí, com o manusear do barro, nasce uma nova peça, uma nova Rosa Courense.
Previamente passo para o papel a ideia e considero os detalhes necessários para a produção. O trabalho segue com a modelação do barro durante longas horas de amor e contemplação. Após o término do protótipo, faço o molde em gesso, avalio e afino os pormenores num rigoroso estudo preliminar do modelo e produzo a madre.
Cada molde recebe a pasta cerâmica líquida por um pequeno orifício. O jorro deve ser uniforme e contínuo. O molde absorve então a humidade da pasta. Passam alguns minutos, deixo correr o que sobra da pasta, mantendo o molde em posição invertida. Antes de abrir o molde, deixo endurecer a peça, abro-o cuidadosamente e limpo as rebarbas das junções com a ajuda de uma serra e de uma esponja molhada em água para alisar as imperfeições.
Segue-se a secagem que é um processo muito lento e que dura vários dias para que as peças tenham um perfeito arejamento de todas as partes, vão ao forno para cozer a altas temperaturas e durante algumas horas. No dia seguinte o forno é aberto, as peças em chacota estão suficientemente frias para serem manipuladas, são revistas e aplica-se a pintura.
Cada peça é pintada tendo em conta uma história, uma ideia, um desejo. É preciso pesquisar e pensar sobre o tema. É preciso tempo. Algumas, dependendo do tipo de pintura, voltam ao forno para uma segunda cozedura. São necessários alguns dias para terminar este processo e as peças ficarem finalizadas.
Passam, assim, todas as peças pelas minhas mãos. Todas com a mesma dedicação e carinho, para que cumpram plenamente a sua função, de homenagear todas as mulheres da nossa terra.